Descrição enviada pela equipe de projeto. Can Font é uma “Masía”, uma tipologia arquitetural tradicional da Catalunia que representa o importante patrimônio rural da cidade de Les Franqueses, situada perto de Barcelona.
Alguns anos atrás era um edifício isolado, cercado por campos de cultura agrícola, mas atualmente está localizado em meio à zona urbanizada, permanecendo 'espartilhado' entre novos edifícios. O novo planejamento para a área que aboliu o espaço aberto existente da fachada principal, converteu a fachada lateral de frente à nova praça, antes sem grande interesse arquitetônico, na nova fachada principal.
O projeto começa com uma forte vontade do promotor de transformar a fachada leste, antes uma fachada secundária, na fachada principal do edifício. O objetivo era dar uma nova imagem de representatividade para a fachada lateral de acordo com o novo uso, e resolvendo os problemas de acesso, criando uma nova em oposição ao portal histórico. Essa nova entrada perpendicular ao 'senso natural' do edifício, que dirige o usuário em direção ao eixo central da estrutura tradicional, frente à porta histórica, que também pode ser utilizada. A posição do novo portão da entrada permite recuperar a centralidade perdida e permite desenvolver o programa de forma coerente com a estrutura tradicional da 'Masia'.
Foi necessário dar mais representatividade para o antigo edifício agindo na sua imagem externa, mas sem 'danificar' seus valores históricos mais importantes. O projeto nas fachadas tenta combinar uma intervenção com o respeito à imagem tradicional. E esse duplo desafio foi traduzido em uma fachada dupla. A camada histórica continuou como era no original na fachada sul, e foi completamente restaurada. A segunda camada, um grid de placas de madeira, foi sobreposto ao antigo volume, sem o modificar, e aparece como uma intervenção adicionada posteriormente, escondendo as novas janelas e controlando a entrada de luz. Esses novos 'buracos' mantém a proporção das aberturas existentes.
Essa vontade de valorizar o patrimônio histórico é mantido no interior do edifício nas decisões programáticas, assim como nas soluções construtivas e na maneira de integrar as instalações. A disposição do programa no sentido dos compartimentos internos, liberando eles de paredes divisórias, permite que o usuário tenha uma leitura clara da estrutura tradicional do edifício. Na maioria dos espaços, o madeiramento do telhado original foi respeitado: está consolidado e valorizado, assim como a textura das paredes históricas, evitando intervenções muito 'delicadas' que distoariam das superfícies históricas. Do mesmo modo, em que a sala multiuso localizada abaixo do deck, é respeitada ao invés de ser renovada, o formato do telhado, a estrutura de madeira e a presença da galeria como um espaço misto tradicional entre interior e exterior, importante do ponto de vista do condicionamento climático. A formalização da galeria e o corpo de serviços que não comunicam com o deck, pode reconhecer as intervenções como um todo e valorizar ainda mais a sua imagem tradicional.